O ceguinho da Baixa
Quando era miúda, eu costumava ir ao Mercado com a minha mãe ao Sábado de manhã. E muitas vezes saíamos pela porta de trás, a que dava para a Rua das Figueirinhas, para ir dar uma volta à Baixa. Um pouco mais abaixo, na mesma rua, havia sempre um pedinte cego, com uma lengalenga que eu nunca percebi na totalidade, mas que ainda hoje recordo. É algo como: “Tenham o dó e a caridade de auxiliar o ceguinho que…” e terminava com um “senhores!”sempre igual. A voz era aguda e impertinentemente monocórdica. Tinha sempre uma caixa rectangular pendurada ao pescoço, onde cabiam as moedas.
Quando a Rua das Figueirinhas deixou de ser movimentada, aquele pedinte passou para a Baixinha, para a Rua Eduardo coelho, bem em frente à rua das Padeiras. Mas a lengalenga permaneceu e mesma.
Não sei quando foi a última vez que o vi lá. Para mim aquela figura está de tal maneira enraizada nas ruas da Baixa que já faz parte da paisagem. Tenho sempre a sensação de que a última vez que lá passei ele estava lá… Mas se calhar nem estava… Se calhar já não está lá há anos…
Quando a Rua das Figueirinhas deixou de ser movimentada, aquele pedinte passou para a Baixinha, para a Rua Eduardo coelho, bem em frente à rua das Padeiras. Mas a lengalenga permaneceu e mesma.
Não sei quando foi a última vez que o vi lá. Para mim aquela figura está de tal maneira enraizada nas ruas da Baixa que já faz parte da paisagem. Tenho sempre a sensação de que a última vez que lá passei ele estava lá… Mas se calhar nem estava… Se calhar já não está lá há anos…