domingo, fevereiro 11, 2007

O Convento de São Francisco


Vitorino Planas, conta quem se lembra, era o dono da fábrica de tecidos situada no Convento de São Francisco.
Homem simpático e sério, Vitorino Planas teve três filhas que o amavam de forma diferente. Quis o destino que duas delas casassem com médicos respeitados, por isso, foi o marido da terceira que herdou a administração da fábrica.
Aqui começam a escassear os pormenores. Sabe-se apenas que, quer tenha sido por vontade ou por descuido, a nova gestão foi danosa. Os restantes herdeiros livraram-se das suas cotas, as máquinas e património da empresa foram sendo vendidos e o novo proprietário desapareceu para não mais voltar.
Abandonado ficou o Convento.
Testemunha privilegiada das invasões francesas, sobreviveu aos soldados bárbaros de Napoleão acabando por sucumbir às mãos dos homens de negócios…
Mais de 30 anos passaram até alguém lá voltar com intenção de o ressuscitar. A paisagem encontrada revelava um claustro inundado pelas silvas e uma nave central da Igreja delapidada por saques e festas clandestinas.
Depois de algumas pequenas demonstrações de organização, limpeza e boas intenções, o Convento de São Francisco aguarda ainda...
Os homens cultos dizem saber salvá-lo. Os políticos prometem-lhe um futuro auspicioso. Os religiosos ainda olham para a estátua da fachada à espera que ela se mova, como conta a lenda. Como o olharão as gerações futuras?