O ceguinho da Baixa
Quando era miúda, eu costumava ir ao Mercado com a minha mãe ao Sábado de manhã. E muitas vezes saíamos pela porta de trás, a que dava para a Rua das Figueirinhas, para ir dar uma volta à Baixa. Um pouco mais abaixo, na mesma rua, havia sempre um pedinte cego, com uma lengalenga que eu nunca percebi na totalidade, mas que ainda hoje recordo. É algo como: “Tenham o dó e a caridade de auxiliar o ceguinho que…” e terminava com um “senhores!”sempre igual. A voz era aguda e impertinentemente monocórdica. Tinha sempre uma caixa rectangular pendurada ao pescoço, onde cabiam as moedas.
Quando a Rua das Figueirinhas deixou de ser movimentada, aquele pedinte passou para a Baixinha, para a Rua Eduardo coelho, bem em frente à rua das Padeiras. Mas a lengalenga permaneceu e mesma.
Não sei quando foi a última vez que o vi lá. Para mim aquela figura está de tal maneira enraizada nas ruas da Baixa que já faz parte da paisagem. Tenho sempre a sensação de que a última vez que lá passei ele estava lá… Mas se calhar nem estava… Se calhar já não está lá há anos…
Quando a Rua das Figueirinhas deixou de ser movimentada, aquele pedinte passou para a Baixinha, para a Rua Eduardo coelho, bem em frente à rua das Padeiras. Mas a lengalenga permaneceu e mesma.
Não sei quando foi a última vez que o vi lá. Para mim aquela figura está de tal maneira enraizada nas ruas da Baixa que já faz parte da paisagem. Tenho sempre a sensação de que a última vez que lá passei ele estava lá… Mas se calhar nem estava… Se calhar já não está lá há anos…
7 Comments:
Recordo perfeitamente esse senhor. A minha mãe dava-lhe sempre uma moeda.
É alguém que vai ficar para sempre na minha memória.
pois, não sei...
mas acho que também me lembro do senhor!
Eu nasci e cresci na Baixa, por isso essa pessoa é-me perfeitamente familiar.
Um abraço.
Acho que não... deve ter-se mudado para o Porto, ou Lisboa... já o vi em todo o lado.
eu também me lembro, ainda que vagamente, dele..
Lembro-me muito bem desse ceguinho, também me marcou e do pregão: «Tenham dó e caridade ao auxiliar o ceguinho que não vê a luz do dia, Senhores!»
Tiago. Coimbra. jtiagomdias@gmail.com
Bom dia.
Conheço perfeitamente o ceguinho de que falas.
Esse Sr. chama-se Valdemar e é de Antanhol. E sabes uma coisa?
Tenho um irmão que vive também em Antanhol, e um dia estando eu de visita a esse meu irmão o Valdemar passou rua abaixo a correr e eu disse-lhe:
-Olha lá Valdemar vai devagar que podes cair...e diz ele
-Não caio nada. Conheço tudo isto como as minhas mãos.
Nos últimos anos está na Rua da Sofia à entrada do Centro Comercial Sofia.
MaJor
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