quarta-feira, abril 25, 2007

Queima das Fitas

"Foi a partir de 1899 que se começou a alicerçar o que, mais tarde, viria a ser a Queima das Fitas, com a realização do "Centenário da Sebenta” que pretendeu ser uma réplica aos centenários comemorados entre 1880 e 1898, no intuito de homenagearem diversas figuras e factos. O ponto comum destes centenários era a sua apresentação pública na forma de um cortejo, com fogo de artifício, sarau e touradas. Porém, estas formas de homenagem não eram as mais próprias, uma vez que deturpavam o verdadeiro significado das efemérides. Surge assim, a ideia da realização de um centenário humorístico, ridicularizando os até então feitos, tomando por base a sebenta, compilação dos apontamentos do professor. O Centenário da Sebenta passa a ter, assim, um âmbito critico de carácter geral e, ao mesmo tempo, particular, já que se protestava contra a exploração dos sebenteiros. A estrutura de tal manifestação confinou‑se a cortejos alegóricos e a um sarau. Tratava‑se agora de desenvolver esta ideia.
Nos anos seguintes, o 4º ano jurídico organiza festas da mesma espécie e introduz um aspecto inovador: o queimar das fitas que se usavam nas pastas e que eram indicadoras da sua condição de pré‑finalistas. A fita é uma consequência das pastas dos meados do século passado que tinham para prender as duas partes que a compõem, três laços de fita estreita da cor da Faculdade do utente, um de cada lado, ao meio das bordas da pasta. O queimar das fitas acabou por se transformar num acto simbólico cujo significado assenta no atingir um objectivo próximo: o término do curso.
Ern 1905 realizou‑se o "Enterro do Grau” em consequência de uma reforma dos cursos universitários que mantinha os graus de Licenciado e Doutor e abolia o grau de Bacharel. Este facto levou a um festejo de estrutura idêntica aos anteriores. No entanto o “Enterro do Grau" é mais uma manifestação a ligar os festejos anteriores ao que viria a ser mais tarde a Queima das Fitas, porque pela primeira vez, se verificou a participação activa da população de Coimbra, começando a verificar‑se que a Queima das Fitas era já urna festa de comunhão com a população da cidade, cuja iniciativa pertencia aos estudantes.
No ano de 1913 um episódio marcou a história das festividades académicas, quando no dia 27 de Maio, devido a um incidente motivado pela Academia, um tenente da guarda ficou sem o boné. Eivados da característica irreverência académica os estudantes gritavam constantemente: "olha o boné”. Devido à repercussão que o facto teve na época, este dia foi tornado, durante muitos anos, como o dia principal dos festejos.
Verificaram‑se até 1919 alguns interregnos, condicionados pelas condições políticas, económicas e sociais da época, como por exemplo a proclamação da República e a 1ª Grande Guerra Mundial.
Mas foi de facto neste ano, 1919 que as celebrações académicas começaram a adquirir a estrutura que conservam actualmente.
Pela primeira vez os quintanistas de todas as faculdades celebraram em pleno a festa da Queima das Fitas, para além de se ter dado um passo importante para a sua sedimentação.
Cada ano surgiam elementos novos a todos os niveis enriquecedores:
‑ a Garraiada, em 1929/30
‑ a Venda da Pasta, actividade benemérita cuja receita revertia a favor do Asilo da Infância Desvalida (hoje Casa de Infância Doutor Elysio de Moura), em 1932.
‑ o Baile de Gala das Faculdades em 1933.

Com repercussão enorme a nível nacional, a Queima das Fitas rapidamente ultrapassa fronteiras, atingindo níveis nunca antes alcançados por qualquer outra organização do género.
Entretanto, das crises estudantis de 1969, resultou o decreto de luto académico que culminou com a não realização da Queima das Fitas desse ano.
Em 1972 alguns quartanistas, em plena rebeldia ao luto académico, tentaram e realizaram alguns actos comemorativos mas todos debaixo de telha. Houve cartaz e selo, mas não houve cortejo.
Com a revolução de Abril de 1974, os conflitos pareciam ter perdido razão de existir com o términus do regime vigente desde Maio de 1926. No entanto, posições radicais deram origem a confusões, ficando gerações sucessivas de estudantes privados de expandirem os seus anseios, especialmente consubstanciados na sua festa académica que tudo parecia indicar que não se voltaria a realizar.
Mas tal não se verificou e, após um interregno de onze anos, a “QUEIMA DAS FITAS - festa de secular tradição", voltou a realizar‑se em 1980, um ano depois da realização da Semana Académíca, iniciativa da Direcção-Geral da A.A.C., que funcionou como urna sondagem à academia e à população da cidade. A franca adesão e o entusiasmo verificados vieram a comprovar que todos ansiavam pelo retomo da Queima das Fitas, pois esta manifestação de alegria estudantil faz parte integrante das tradições de uma academia que foi ímpar e tenciona continuar a sê‑lo. E, fazendo as tradições parte do património cultural das regiões onde se enraízam, toma‑se prioritário fazê‑las reviver em cada ano e proporcionar a oportunidade aos estudantes e população de confraternizarem salutarmente.
Cabe a todos nós, geração de hoje e gerações vindouras, zelar pela manutenção de actividades que se apresentam como glorificadoras da nossa academia." (de Sofia P.N.Rosário in Queima das Fitas/Centenário A.A.C.)”.
A Queima das Fitas é a explosão delirante da Academia, consistindo para os Quartanistas Fitados e Veteranos, na solenização da ultima jornada universitária ou seja, o derradeiro trajecto de vivência coimbrã.

Os festejos da Queima das Fitas consistem sobretudo no seu programa tradicional, composto por:

‑ Serenata Monumental;
‑ Sarau de Gala;
‑ Baile de Gala das Faculdades;
‑ Garraiada;
‑ Venda da Pasta;
‑ "Queima" do Grelo e Cortejo dos Quartanistas;
‑ Chá Dançante;
‑ Noites do Parque.

Além do programa tradicional, também se realiza urna semana cultural e um vasto programa desportivo envolvendo as secções desportivas da A.A.C. e seus convidados nacionais e estrangeiros.
Constituindo o expoente máximo do pulsar da vida académica tradicional, o Cortejo dos Quartanistas é parte integrante e fundamental da Queima das Fitas, nele se integrando a maioria dos estudantes da Universidade de Coimbra.

In “Código da Praxe Académica de Coimbra”, Edição 1993 (Retirado do site: http://www.aac.uc.pt)

NOITES DO PARQUE
Sexta-feira, 4 de Maio: The Gift, Skye e Coral Quecofónico do Cifrão
Sábado, 5 de Maio: Da Weasel e Rui Veloso
Domingo, 6 de Maio: Mau, Blasted Mechanism e Fanfarra
Segunda, 7 de Maio: Linda Martini, Xutos e Pontapés e Estudantina
Terça, 8 de Maio: Diapasão, Quim Barreiros, Tuna Masculina e Feminina de Medicina
Quarta, 9 de Maio: The Cynicals, Asher Lane, In Vino Veritas e Mondeguinas
Quinta, 10 de Maio: Oioai, André Sardet, Orxestra Pitagórica e Grupo de Cordas
Sexta, 11 de Maio: Vicious Five, Bloodhoung Gang, Rags e As Fans

domingo, abril 15, 2007

Caminhos do Cinema Português

Vai decorrer em Coimbra, de 21 a 28 de Abril, a XIV edição do festival “Caminhos do Cinema Português”. Trata-se do único festival de cinema exclusivamente português, realizado em Portugal. É organizado pelo Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra e considerado pelo ICAM (Instituto de Cinema Audiovisual e Multimédia) como o sexto Festival de Cinema em Portugal.
Além dos filmes (portugueses) a concurso – que podem ser vistos todos os dias no Teatro Académico de Gil Vicente por um preço quase simbólico -, os “Caminhos” incluem workshops abertos a todos os que se interessam pela sétima arte.
Para mais informações:
PS - Post Partilhado com o blog My Dirty Little Secret.

quinta-feira, abril 05, 2007

O Milagre das Rosas

Um dos milagres que toda as pessoas atribuem à Rainha Santa é o Milagre das Rosas.
No entanto, penso que os principais motivos da sua santidade se devem ao amor que nutria pelos pobres e à luta que travou para pôr fim as guerras que marcaram os reinados do seu marido (D. Dinis) e do seu filho (D. Afonso IV). Deveria, por isso, ser reconhecida com Rainha da Paz.
De facto, o milagre original (das rosas) deve ser atribuído a uma sua tia-avó, Isabel da Hungria (imagem da direita). Esta Isabel, que foi rainha regente da Hungria, também se celebrizou pelo seu amor aos pobres, tendo sido acusada de má gestão e afastada do poder.
Viveu três anos em total pobreza, até que lhe quiseram restituir o poder, o que ela recusou pois apreciou viver na miséria, seguindo o exemplo de uma Ordem Religiosa nascente, a Franciscana. Não nos podemos esquecer que, nesse tempo, era grande a admiração por S. Francisco de Assis com que ela, aliás, se correspondeu. Morreu em 1231, tendo sido canonizada 4 anos depois.
Quando a sua sobrinha-neta nasceu em 1270, era grande o fervor franciscano e o culto de sua tia, daí a escolha do nome. Herdou-lhe o nome e depois o dito Milagre das Rosas, que a pintora Maria Clarice Sarraf tão bem retratou no quadro da esquerda.
Depois de, por várias vezes, ter evitado situações de guerra eminente, acabou por falecer em Estremoz, no dia 4 de Julho de 1336, depois de evitar mais uma guerra entre Portugal e Castela. Logo aí começa a sua fama de Santa não sendo por isso de admirar que, em 1516, D. Manuel tenha solicitado ao Papa Leão X, autorização para se poder fazer o seu culto religioso em Coimbra. Fo canonizada pelo Papa Urbano VIII em 1625.
Curioso é que, no já referido ano de 1516, tenha D. Manuel concedido a Coimbra a divisa da cidade que conhecemos (a tal da princesa Cindazunda).
E se fosse mesmo a Rainha Santa Isabel a figura central do Brasão da cidade de Coimbra?
Autora do quadro representando a Rainha Santa Isabel: Maria Clarice Sarraf